Eu tenho uma poesia que diz, “amar e acreditar já são loucuras suficientes para nós dois”. Quando, naquela noite, escrevi sobre a ideia do amor e da aceitação como loucuras, fazia como os artistas desta intervenção, que pensam a arte apesar do tempo diminuído, do trânsito, do tropeço cotidiano.
Somos todos locos por fazer arte quando não precisaríamos fazer (?). Ora, como se fosse uma escolha, como se a loucura não fosse exatamente essa, do amor enraizado, da crítica, da desrazão, do fazer pois não há outra maneira de ecoar o barulho e o silêncio. E não é qualquer loucura, essa parte é importante, é loucura compartilhada, de gente disposta a fazer trocas de tesouros; piratas que desenham mapas e entregam uns aos outros — o “X” sempre no coração.
Somos todos loucos é a celebração de encontros passados, presentes e futuros, de discussões que ainda estão para acontecer, de velhos amigos apresentando novos trabalhos, pois “lembra aquilo que eu fazia, não faço mais”. É que perder a cabeça é também ouvir o outro e falar próximo dos ombros. E sair da internet, e pisar na rua, na calçada, na exposição, e levar um abraço inesperado, “que bom que você veio”. Loucura é estar perto.
Então espero que, atentos, de olhos e corações abertos, sem amarras e dispostos a fazer parte, você mergulhe nessa reunião de artistas e amigos, esse encontro-colisão que a arte nos proporciona, e algumas vezes nos liga implorando. Gérard de Nerval dizia que a loucura “é um mal terrível pois faz-nos ver as coisas como realmente são”. Que assim seja.
– Bruno Fontes, escritor
Adriana Conti Melo, Adriana Ferla, Ana Lucia Mariz, Duda Oliveira, Eder Roolt, Evandro Prado, Felipe Oliveira Mello, Juliana Brandão, Mirian Perez, Mylene Rizzo, Rosilene Fontes, Thelma Penteado, Vanessa Cazolli e Yara Dewachter.